Trabalho em rede

O trabalho em rede é uma forma de organização humana desde os primórdios, no entanto, as Tecnologias de Informação e Comunicação vieram trazer um impacto enorme na sua dimensão e capacidade de expansão, originando o aparecimento de novas teorias de organização social, em que  Manuel Castells é uma referência, ao propor a Teoria da Sociedade em Rede.

Manuel Castells info

Introdução

O nosso mundo e as nossas vidas estão a experimentar uma mudança profunda no âmbito da tecnologia, economia, cultura, comunicação, política e da relação entre as pessoas, decorrente das TIC.

A sociedade em rede, resultado dessa mudança, deixou de ser um futuro mais ou menos distante para se transformar no presente. Mas um presente que assume diferentes características segundo a cultura e as particularidades de cada região.

Sociedade em Rede

Como sugere Manuel Castells," a sociedade em rede é, simplesmente, a sociedade em que estamos a entrar, desde há algum tempo, depois de termos transitado na sociedade industrial durante mais de um século. Da mesma forma que a sociedade industrial coexistiu durante várias décadas com a sociedade agrária que a precedeu, a sociedade em rede mistura-se, nas suas formas, nas suas instituições e nas suas vivências, com os tipos de sociedade de onde ela própria emergiu.
Essa é a sociedade em que diariamente acordamos, trabalhamos, aprendemos e criamos riqueza. Onde os conflitos surgem e terminam, onde a inovação científica nas áreas da saúde e da alimentação vive a par da doença e da pobreza extrema. "

Nas políticas sociais, a inclusão digital deverá ser sempre uma constante, sob risco de aumentar a exclusão de grupos já, por si, em riscos de exclusão ou de não inclusão. O trabalho em rede entre os diversos intervenientes é uma excelente forma de garantir a inclusão digital e criar práticas efectivas de trabalho na Sociedade em Rede.

Trabalho em rede

Vamos analisar a seguir as características do trabalho em rede que os agentes de mudança devem considerar no âmbito do seu trabalho e projectos.

Características gerais do Trabalho em Rede

  1. Objectivo(s) bem definido(s)

2.Interlocutores e papéis desempenhados

3.Dinamizador

4.Mecanismos de comunicação

5.Cronograma que pode estar formalizado ou não

6.Resultados esperados

7.Recursos necessários

8.Motivação

Características específicas Trabalho em Rede Presencial

  • Colectivos locais. Existem algumas redes locais, promovidas por uma entidade, normalmente as Câmaras Municipais ou organizações sem fins lucrativos, que definem a criação da rede e os interlocutores a envolver. Exemplo: Rede Social da Câmara Municipal de Nelas http://www.cm-nelas.pt/index.php/en/accao-social/rede-social
  • Estruturas hierarquizadas. A rede é hierarquizada, baseada muitas vezes nas hierarquias que existem nas organizações que estão envolvidas.
  • Existência rígida. Levam algum tempo a ser criadas, decorrente das exigências de formalização necessárias à sua criação, possuindo um tempo definido de duração.

Exigência materiais. Obriga a existência de espaços físicos, com fax, telefone ou endereço postal. Possui um custo elevado para existir, obrigando a ser financiada sistematicamente para se manter durante o tempo previsto. A sua existência após o tempo previsto é sempre complicada.

  • Poder de articulação decorrente de proximidade física. Permite a organização de eventos ou acontecimentos na proximidade geográfica de implementação.
  • Identidades bem identificadas. A participação na rede é efectuada por convite e os papéis encontram-se bem definidos à partida.

Características específicas do Trabalho em Rede Virtual

O Trabalho em Rede Virtual apresenta características bastante distintas do Trabalho em Rede Presencial, trazendo novos paradigmas para a organização, dimensão e impacto da Acção Social.


Proliferação e ramificação dos colectivos sociais

Proliferação e ramificação dos colectivos sociais. Proliferação de organizações civis e colectivos sociais, assim como uma integração eficiente e estratégica entre eles; baseado principalmente no idealismo e voluntarismo de seus membros, incentivados pela relação custo-benefício bastante favorável, surgem novas formas de alianças e sinergias de alcance global, um exemplo é o projecto  Sri Lanka da Omnium Network http://omnium.net.au/research/projects/


Estruturas horizontais e flexíveis

Horizontalidade, flexibilidade das redes. As organizações tendem a ser cada vez mais horizontais, menos hierarquizadas, mais flexíveis, com múltiplos nós e conectadas a numerosas microrredes ou células que podem ser rapidamente activadas. Como destaca Castells, os novos movimentos sociais caracterizam-se cada vez mais por "formas de organização e intervenção descentralizada e integrada em rede".


Existência dinâmica

Existência dinâmica. Possuem grande dinamismo, podem-se formar, alcançar certos objectivos, causar impacto e repercussão e rapidamente extinguirem-se.


Minimalismo material

Minimalismo material. A sede física se tornou irrelevante; fax, telefone ou endereço postal passam secundários. A possibilidade de operação a um custo muito baixo incentiva a emergência e a associação de novos movimentos sociais.


Grande poder de articulação

Grande poder de articulação e eficiência. Permite a organização de protestos, eventos simultâneos em diferentes cidades e países, assim como a articulação local de vários grupos de dispersos.


Multiplicidade de identidades

Multiplicidade de identidades. Permite a circulação dos indivíduos nas redes. Um mesmo indivíduo pode participar activamente em diversas redes em simultâneo. Não é incomum a participação de um mesmo indivíduo em diferentes movimentos sociais, compartilhando um interesse com pessoas que, em outras dimensões da vida social, tem aspirações, valores e crenças bem diferentes.

Return to top