Práticas com Recursos Educacionais Abertos

No inicio dos anos 2000, em meio a evolução das  Tecnologias de Informação e Comunicação na internet que facilitou e democratizou a produção e distribuição de conteúdos na Web, surge um movimento educacional marcado pela colaboração e interatividade entre educadores, alunos, diferentes atores sociais da sociedade civi e de organismos internacionais em defesa da do acesso aberto ao conhecimento  e a educação: O movimento da educação aberta. Este movimento funda-se no príncipio de que todos tem o direito de ter acesso ao conhecimento e a educação por meios e processos que sejam abertos de modo a se permitir o uso, personalização, melhora e redistribuir os recursos com fins educacionais, sem restrições. 

História

A gênese do movimento da Educação Aberta é ainda muito discutida e seu conceito é carregado de representações que nem sempre convergem para o mesmo sentido. 

Entretando, se fosse possivel datar as formulações que este movimento vem assumindo na última década, não tem como dissocia-las do processo histórico de incorporação e evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC em nossa sociedade entre anos de 1970 e os dias atuais. 

Atualmente pode-se dizer que o Movimento da Educação Aberta pauta-se pelo entendimento comum entre diferentes setores da sociedade civil e de órgãos governamentais de se enfrentar o desafio de promover formas efetivas de acesso livre e aberto ao conhecimento e a educação por meios e processos que se apropriem de recursos das TIC disponiveis na internet.

Neste sentido, pode-se dizer que no estágio atual, Movimento da Educação Aberto tem um marco de referência importante com a realização em 2002 do Fórum sobre Softwares Didáticos Abertos realizado pela UNECO, onde foi cunhado e formalizado o conceito de Recursos Educacionais Abertos - REA. 

Assim, a partir do início dos anos 2000, o Movimento da Educação Aberta entra em um novo ciclo que culmina com a "Declaração de Paris", que foi redigida 2012 no "Congresso Mundial dos REA" organizado pela UNESCO, recomendando aos Estados, na medida das suas capacidades e sob a sua autoridade:

  1. O reforço da sensibilização e da utilização dos REA: A promoção da utilização dos REA com vista a ampliar o acesso à instrução em todos os níveis, tanto à educação formal como não-formal, numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida, contribuindo, assim, para a inclusão social, a equidade entre os géneros, bem como para o ensino com necessidades específicas. O aumento da qualidade e da eficiência dos resultados do ensino e do aprendizado, através de uso mais amplo dos REA.

  2. A facilitação dos ambientes propícios ao uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC):  A redução do fosso digital, através do desenvolvimento de infra-estrutura adequada, nomeadamente conectividade de banda larga acessível, tecnologia móvel generalizada e alimentação de energia elétrica fiável. O aumento da literacia relativa aos meios de comunicação e à informação e o incentivo ao desenvolvimento e à utilização dos REA em normas de formatos digitais abertos.

  3. O reforço do desenvolvimento de estratégias e de políticas relativas aos REA: A promoção do desenvolvimento de políticas específicas com vista à produção e à utilização dos REA no âmbito de estratégias mais amplas voltadas para a expansão da educação. 
     
  4. A promoção da compreensão e da utilização de estruturas com licenciamento aberto: A facilitação da reutilização, da revisão, da remixagem e da redistribuição de material didático no mundo inteiro, através de licenciamento aberto, que inclua um grande número de estruturas que permitem diferentes tipos de utilização, respeitando, ao mesmo tempo, quaisquer direitos de autor.

  5. O apoio à criação de competências com vista ao desenvolvimento sustentável de materiais didáticos de qualidade.: A assistência às instituições, a formação e motivação de professores e de outros intervenientes, com vista a produzir e compartilhar recursos educacionais de alta qualidade e acessíveis, levando em conta as necessidades locais e toda a diversidade dos alunos. A promoção da garantia de qualidade e da supervisão dos REA pelos pares. O incentivo ao desenvolvimento de mecanismos com vista à avaliação e à certificação dos resultados de aprendizagem obtidos através dos REA.

  6. O reforço das alianças estratégicas relativas aos REA: O aproveitamento das tecnologias em evolução, com vista a criar oportunidades de compartilhar materiais que tenham sido divulgados sob licenciamento aberto em distintos meios de comunicação e a assegurar a sustentabilidade através de novas parcerias estratégicas no âmbito dos setores da educação, da indústria, da produção editorial, dos meios de comunicação e de telecomunicações, bem como entre os mesmos.

  7. O incentivo ao desenvolvimento e à adaptação dos REA em diversos idiomas e contextos culturais: O favorecimento da produção e da utilização dos REA em idiomas locais e em distintos contextos culturais, com vista a assegurar a respectiva pertinência e acessibilidade. As organizações intergovernamentais devem incentivar a partilha dos REA em diversos idiomas e culturas, respeitando os conhecimentos e os direitos locais.

  8. O incentivo à investigação sobre os REA: A promoção da investigação sobre o desenvolvimento, a utilização, a avaliação e a recontextualização dos REA, bem como sobre as oportunidades e os desafios que apresentam e o respectivo impacto na qualidade e na relação custo-eficácia do ensino e do aprendizado, com vista a reforçar a base de evidências para o investimento público nos REA.

  9. A facilitação da identificação, da recuperação e da partilha dos REA: O incentivo ao desenvolvimento de ferramentas de fácil utilização, com vista a localizar e recuperar os REA que forem específicos e pertinentes a determinadas necessidades. A adoção de normas abertas apropriadas, com vista a assegurar a interoperacionalidade e a facilitar a utilização dos REA em distintos meios de comunicação

  10. O incentivo ao licenciamento aberto de materiais didáticos com produção financiada por fundos públicos: Os governos e as autoridades competentes podem criar benefícios substanciais para os seus cidadãos, assegurando-se de que o material didático com produção financiada por fundos públicos seja disponibilizado sob licenciamento aberto (ou mediante as restrições que julgarem necessárias), a fim de maximizar o impacto do investimento.


 

REA (OER)

“Recursos Educacionais Abertos são materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros. O uso de formatos técnicos abertos facilita o acesso e o reuso potencial dos recursos publicados digitalmente. Recursos Educacionais Abertos podem incluir cursos completos, partes de cursos, módulos, livros didáticos, artigos de pesquisa, vídeos, testes, software, e qualquer outra ferramenta, material ou técnica que possa apoiar o acesso ao conhecimento.”

 Unesco/Commonwealth of Learning com colaboração da Comunidade REA-Brasil (2011)

Plataformas de uso, produção e edição de REA

Segue abaixo um quadro com algumas plataformas de REA descritas em função de suas possibilidades de uso e apropriação na Educação Superior

Veduca:  Portal que oferece cursos abertos online desenvolvido por Carlos Souza lançado oficialmente em 2012. Para postar conteúdos é necessário estar vinculado a instituição de ensino superior associada ao portal. Características: Acesso aberto/ Criação, edição e autoria restritos a docentes vinculados a instituições associadas. - xMOOC

 OER Commons:  Características: Acesso, criação, edição e autoria abertos e livres a docentes e alunos - cMOOC

OpenCourseWare:  Projeto pioneiro de oferta de cursos abertos implementado pelo IMT em 2002. Características: Acesso aberto/ Criação, edição e autoria restritos a docentes vinculados ao IMT e a instituições de ensino superior de vários países - xMOOC

MOOC EaD:Ainda em desenvolvimento, mas pretende ser uma Plataforma MOOC em lingua portuguesa e resulta de uma parceria entre  Brasileiros e Portugueses. - cMOOC

Coursera: Características: Acesso aberto/ Criação, edição e autoria restritos - xMOOC

OpenClass: 


MOOC

MOOC – Massive Open Online Course

São cursos abertos de acesso massivo que se utiliza de Recursos Educacionais Abertos.

Plataformas de oferta dos MOOC

EDX: Plataforma MOOC que resultou de um consórcio envolvendo universidade do mundo todo dentre as quais IMT, Havard e Berkeley. Acesso aberto/ Criação, edição e autoria restritos a docentes vinculados instituições de ensino superior do consórcio - xMOOC


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