“Guia de pesquisa, combinação e adaptação de média para produção de Recursos Educacionais Abertos”
Este trabalho consiste num guia de pesquisa de elementos visuais e audio para a criação, adaptação e recombinação de Recursos Educacionais Abertos (REA), e foi concebido tanto para professores como para estudantes. A sua realização ocorreu no contexto de uma atividade da Unidade Curricular de Materiais e Recursos para E-Learning, lecionada pela Professora Doutora Ana Nobre, no Mestrado em Pedagogia do E-Learning da Universidade Aberta.
Os Recursos Educacionais Abertos
A Declaração REA de Paris de 2012 refere que o termo Recursos Educacionais Abertos ou open education resources (OER) foi cunhado no Fórum de 2002 da UNESCO sobre Softwares Didáticos Abertos e designa-os como
"materiais de ensino, aprendizagem e investigação em quaisquer suportes, digitais ou outros, que se situem no domínio público ou que tenham sido divulgados sob licença aberta que permite acesso, uso, adaptação e redistribuição gratuitos por terceiros, mediante nenhuma restrição ou poucas restrições (Unesco, 2012. p. 1).[1]
O uso de REA tem várias vantagens face aos modelos tradicionais de produção de conteúdos educacionais, nomeadamente a redução do custo do acesso ao conhecimento e a facilitação da integração de materiais didáticos de qualidade em todos os níveis de ensino e em quaisquer contextos geográfico, social ou económico. Os REA podem contribuir para aumentar o acesso de mais pessoas ao conhecimento em todo o mundo, uma vez que podem ser utilizados na educação formal, em todos os níveis e modalidades, na educação informal e na aprendizagem ao longo da vida.[2]
São exemplos de REA: cursos completos, materiais de cursos, módulos, livros didáticos, livros, capítulos de livros, artigos de pesquisa, testes, vídeos, recursos multimídia, animações, simulações, infográficos, mapas, recursos hipermidiáticos, imagens, músicas, áudios, jogos, softwares e quaisquer outros materiais para apoiar o acesso ao conhecimento.[3]
Em 2014, David Wiley redefiniu os princípios das cinco liberdades de abertura dos REA[4], também designados de pilares ou os cinco Rs:
► reter (retain): direito de fazer e possuir cópias dos recursos;
► reutilizar (reuse) – direito de usar o conteúdo de formas diversas;
► rever (revise) – direito de adaptar, ajustar, modificar ou alterar o conteúdo;
► recombinar (remix) – direito de combinar o conteúdo original ou adaptado com outro conteúdo aberto, para criar um novo recurso;
► redistribuir (redistribute) – o direito de partilhar cópias do conteúdo original revisto ou recombinado.
A seguinte imagem[5] ilustra os cinco pilares do licenciamento livre e aberto dos REA:
Esta imagem ilustra os cinco pilares dos Recursos Educacionais Abertos, definidos como os 5 Rs por David Wiley em 2014: Guardar, Reutilizar, Rever, Remixar e Redistribuir
Para praticar os 5Rs de abertura dos REA, é necessário que as licenças sob as quais são disponibilizados permitam a cópia, a distribuição e a produção de obra derivada. Para utilizar e/ou produzir REA é necessário possuir algumas competências:[6]
- navegação na Internet, software para edição de texto, vídeo, áudio, imagem, etc.;
- conhecer o sistema de licenças abertas, os direitos autorais e os repositórios;
- identificar e interpretar nos repositórios ou nos recursos as licenças abertas, os direitos autorais e os termos de uso;
- planeamento e organização de atividades didáticas com REA, partilha entre colegas e divulgação em redes sociais;
- saber identificar os REA com licenças que permitem a edição e produção de obra derivada.
Os repositórios de REA, criados e estimulados tanto por políticas públicas como por instituições privadas e comunidades de prática formais e informais, facilitam a tarefa de licenciamento, agregação e pesquisa de REA para atividades pedagógicas ou para produção e recombinação. Dependendo da área de conhecimento ou de ensino, existem já inúmeros repositórios disponíveis tanto para professores como para estudantes, com conteúdos de elevada qualidade.
Objetos de Conhecimento
Contudo, a tarefa de pesquisa por elementos mais simples para a produção de REA, não identificados como objetos de aprendizagem ou ensino, pode ser mais complicada. Estes elementos foram definidos por McGreal e Elliot como objetos de conhecimento:
Os objetos de conhecimento são itens discretos que podem ser integrados em lições; por exemplo, um texto, um gráfico, áudio, vídeo ou um ficheiro interativo. Os objetos de aprendizagem são mais desenvolvidos e consistem em lições discretas, unidades de aprendizagem ou cursos. Um clip de vídeo de um discurso é um exemplo de um simples objeto de conhecimento. Torna-se um objeto de aprendizagem quando se adiciona a uma lição ou atividade de aprendizagem.[7]
Elementos como desenhos, fotografias, símbolos vectoriais, sons, músicas ou vídeos não necessariamente identificados como objetos de aprendizagem, encontram-se dispersos pela internet e sem catalogação formal.
Para encontrar aquele elemento particular que se adequa ao nosso trabalho torna-se necessário conhecer as licenças abertas, mas também conhecer as principais plataformas que as integram e dominar algumas ferramentas e métodos de busca. Pretendemos com este trabalho facilitar esta tarefa de pesquisa destes elementos como objetos de conhecimento com abertura que permita a sua incorporação à produção de REA.